sexta-feira, 16 de novembro de 2012

29. Conversa entre Nora e Sogro

Como Kratos previra, Nana realmente foi falar com ele.

Estava na cozinha esquentando uma pizza para as visitas, quando percebeu que Nana havia se aproximado, anormalmente séria.

- Senhor Kratos... Pode me contar exatamente o que houve? Porque fez aquilo? 

Sentia-se muito desconfortável e pensava em qual seria o melhor modo de falar. 
Como contar que havia brigado violentamente com um Yuudai bêbado, para uma das pessoas que mais amava aquele japonês? E pior, que o motivo da briga e da bebedeira do outro haviam sido culpa sua, que decidira destruir a noite de Yuudai?
Respirou fundo.


- Eu não vou mentir nem tentar suavizar nada, você me conhece eu acredito que não existam motivos para que deixemos de ser claros...

- De acordo. - era incrível como a postura séria de Nana quase a transformava em outra pessoa. Mas Kratos já estava acostumado.

- Eu estava irritado demais com o modo como ele me arrastava o tempo todo pras saídas dele, só pra eu dirigir o carro. Ele não é uma pessoa fácil. Você felizmente apenas conhece o "lado irmão" dele... Pra piorar, eu já estava há tempos sem treinar com o Luke, então minha energia acumulada apenas me deixava mais irritado.

 "Tenho que dar um jeito de não precisar contar à Nana sobre o lado promíscuo do irmão dela...", pensou. 
Sim, ele estava tentando proteger Yuudai. Mas não apenas isso. 
Pelo bem de Nana, queria proteger a imagem que ela tinha do irmão.

- Não precisa me contar os detalhes... Eu realmente não quero saber o que exatamente levou à briga de vocês. - ela olhou para baixo. Já imaginava que Yuudai não era o tempo todo aquele bom moço que parecia ser quando estava apenas com ela e Louis. Mas Nana sabia que esse lado amável de Yuudai não era encenação alguma. E por isso mesmo, sentia-se muito feliz em saber que Yuudai conseguia relaxar ao seu lado, e apenas ser ele mesmo.

Kratos se surpreendeu um pouco, mas sentiu-se aliviado.

- Então o que gostaria de saber, na verdade?

- Você... - parecia um pouco confusa, talvez nem ela soubesse bem como se expressar. - Vocês se odeiam? Foi por isso que fez aquilo com Yuudai, é porque odeia ele?

Surpreendeu-se pela segunda vez. 
E o curioso é que Kratos não é de se surpreender facilmente.

- Não, eu não o odeio! E... Bem, não posso afirmar com total certeza, mas acredito que ele também não me odeie. - sorriu, finalmente não havia mais sinal daquela tensão no ambiente. - Mas porque você está perguntando isso?

- É que... Eu não quero que duas pessoas que se detestem se sintam obrigadas a morar juntas, apenas por minha causa. Sei que forcei a barra quando te pedi para morar com Yuudai, eu estava tão nervosa que não pensava direito naqueles dias... E pensando racionalmente agora, vocês não precisam estar sempre juntos para que minha "visão" se realize. - sorriu sem graça, sentia vergonha pois pensava ter reagido de forma exagerada à sua própria visão.

- Tudo bem, Nana. Eu entendo sua preocupação. 

- Então... Se você quiser sair daqui e ir morar de novo lá em casa, não tem problema. Quer voltar? - abriu mais o sorriso.

Kratos sentiu um aperto no peito que não soube identificar.
Ir embora do apartamento? 
Mas... 
Não, ele não queria. 
No fundo ele realmente não queria sair do lado de Yuudai.

- Nana... Eu não quero ir embora. - sentiu o rosto ficar quente. - A verdade é que agora, pela primeira vez, eu e Yuudai estamos nos dando bem. Se ele não se importar que eu continue a morar aqui... Eu continuo. 

Agora foi a vez de Nana ficar sem reação.

- Isso... Bem, eu não esperava ouvir isso. - ela riu. - Mas fico feliz de saber que vocês estão se dando bem! Nesse caso... Faça como achar melhor, senhor Kratos.

Ele acenou a cabeça, sorrindo.

- Sabe, tem uma coisa que tá me incomodando. É Yuudai pra lá, Yuudai pra cá... E de mim, você não sente falta? Nem fala mais comigo. - apoiou-se na bancada e olhou para longe, encenando estar de mal com Nana.

- Ah, seu bobo! Deixa disso! - ria novamente, empurrando o braço do outro. - Outro dragão ciumento, é?

- Ciúmes não, só saudade mesmo. - olhou novamente para ela, sorrindo.


- Eu também estou! Se não estivesse sentindo sua falta, acha que eu estaria toda feliz aqui hoje falando que você pode voltar a morar na minha casa? Mas parece que você prefere meu irmão, né... Essa ele ganhou. - brincou. 

- Ah, para com isso e me dá um abraço logo.

Nana pulou em Kratos, o abraçando apertado.
Era engraçado como os abraços daquela garota pequena e magrinha conseguiam ser fortes!

- Quando Cain e Hell voltarem, vamos todos ao Maisonette! - ela disse animadamente ao soltar Kratos.

"Maisonette 9? Não tenho boas lembranças... Mas quem sabe sirva para que eu enxergue o lugar de outro jeito, pelo menos.", ele pensou.

- Eles ainda estão no hotel? Vida boa, hein! - se referia ao hotel no Hawaii, o qual Hell recebera repentinamente duas passagens da agência onde trabalhava. 

- Pois é, mas eles merecem! - ria alegremente. Essa sim era a Nana que Kratos conhecia e gostava!

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