quarta-feira, 14 de novembro de 2012
17. O Donut da Paz
A discussão que tivera com Nana ainda ecoava na cabeça de Luke.
“Mas Luke... Você não acha que talvez seu pai até tenha um pouco de razão?”, ela media as palavras.
“O que você quer dizer com isso?”, já imaginava onde ela queria chegar. E não estava gostando nada disso.
“Eu só acho que... É perigoso mesmo, esse treinamento que vocês fazem, essas lutas todas.”
“Perigoso?!”, levantou a voz, controlando a crescente irritação.
“Luke, eu só não quero te ver sem um braço, nem nada do tipo! Seu pai mostrou que nem sempre consegue medir a força!”, Nana também se irritara. Tudo o que ela dizia era plenamente racional, porque Luke não conseguia pensar logicamente também, pelo menos de vez em quando?
“Nana, você tá me conhecendo agora ou o que?! A maior ofensa que se pode fazer a um dragão é dizer para ele tomar cuidado porque é perigoso!”, terminou por quase gritar as últimas palavras.
“Mas você não é um dragão, Luke.”, ao contrário de Luke, quando Nana se irritava, ela baixava a voz e pronunciava as palavras com frieza. “Você recebeu boa parte da energia de Kratos quando nasceu, mas isso não faz de você um dragão, por mais forte que possa ser. “
“Cala a boca! Eu não quero ouvir essas merdas, você fica agindo como se não soubesse do que eu sou capaz! Eu fui pra porra de uma guerra, lutei contra seres que eu duvido que você sequer imagine que existam, e voltei com quase nenhuma cicatriz!”, exaltava-se. “Já viu o corpo do Kratos, por acaso? Ele tá todo marcado, e você sabe que ele já perdeu aquele braço uma vez!”
Pois é. Luke podia perder um pouco da razão quando se encontrava nesse estado.
“Kratos tem milhares de anos de lutas, é óbvio que traria sequelas. Você é meio-dragão, Luke! Tenha consciência de seus limites!
“Ah, Nana... Quer saber? Foda-se. Pensa o que quiser de mim, se você me acha fraco, eu não posso fazer nada.”, já virava as costas e ia em direção à porta.
“Espera, Luke... É claro que você não é fraco!”, mas ele já havia ido.
E por um bom tempo ficou ali, sentado no chão de pedra. Irritado com o fato do pai continuar se recusando a voltar a lutar com ele e com a aparente opinião que Nana tinha sobre sua força.
O pior é que também já começa a sentir remorso por ter brigado com a namorada. Ele também sentia-se culpado pelo que disse a respeito do pai, mesmo que Kratos não tivesse ouvido a discussão.
Ele não pensava aquilo das cicatrizes! Luke pensava justamente o contrário, ele sempre achou que elas simbolizavam a força de Kratos. Ele sempre as admirou.
Interrompeu seus pensamentos ao ver Nana se aproximando.
Ela se sentou ao lado de Luke, e ambos permaneceram em silêncio por quase um minuto.
“Então... Eu fiz donuts, hoje de manhã.”
Luke não disse nada.
“Se você me perdoar, eu te dou um.”, ela disse, seduzindo-o ao esticar o braço e lhe mostrar aquele circulo massudo, açucarado e colorido.
Luke ama doces. Muito mesmo.
E Nana sabe disso, obviamente.
“...” Ainda sem dizer nada, ele abriu a boca e ameaçou pegá-lo com os dentes, mas Nana puxou a mão para longe.
“Não ouvi você dizendo que me desculpava...”, Nana cantarolou.
“Tudo bem, tá desculpada... Me desculpa também por ser escroto contigo.”, ele sorriu sem jeito.
...
“Você sabe que você é o meu herói, não sabe?”, ela perguntou enquanto ele comia.
Luke sentiu-se muito idiota ao perceber que estava com o rosto quente.
Definitivamente, Nana era a única pessoa no mundo capaz de deixar Luke vermelho.
“E sabe que eu nunca seria capaz de ignorar a sua força, né? É impossível esquecer o quanto você é forte. Mas eu te amo, e quando a gente ama, fala coisas por impulso... Eu só não quero te ver mal, seja em que sentido for.”, ela completou enquanto ele acabava de engolir o último pedaço.
“Sim... Mas... Só não esquece que sou eu quem te protege, tá? Não importa quantas magias você saiba fazer, nem quantos pactos de sangue você faça com vampiras doidas e aumente seu poder... Sempre me permita te proteger!”
“Mas é claro que sim... Eu já disse, você é o meu herói.”, ela sorriu sinceramente
E os dois foram juntos até a cozinha, onde uma bandeja de donuts esperava por Luke.
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