quarta-feira, 14 de novembro de 2012

14. O Violinista


Enquanto Louis dormia na casa de madeira durante a noite, do outro lado do mundo um homem de terno sentava numa cadeira no meio da sala de seu apartamento, em Tóquio.
Ele estava sozinho. Parecia estar apenas sentindo os raios de sol que entravam pela janela e lhe iluminavam, provocando dramáticas sombras no tapete vinho que cobria a maior parte do chão da sala. A claridade solar diretamente nos olhos não parecia incomodá-lo.
A verdade é que, devido sua total imersão nos próprios pensamentos, ele sequer parecia estar no mesmo mundo que o tapete, a cadeira ou a janela...
Suspirou profundamente, e pegou o violino que estava em seu colo, aprumando-se em sua posição para tocá-lo.

Agora sim podia-se dizer que ele parecia estar em outro mundo!
De olhos fechados, tocava Lago dos Cisnes, sua favorita. E tocava de forma tão sentimental, compenetrada, e –porque não dizer – perfeita, que faria com que o próprio Tchaikovsky se emocionasse e, no final, precisasse de um momento para se recompor antes de bater palmas.

Conforme tocava, sua expressão tornava-se cada vez mais angustiada. As sobrancelhas franzidas e os lábios duramente comprimidos refletiam uma tristeza profunda que tentava ser, a todo custo, controlada e ignorada.
Chagando aos momentos finais da música, não conseguiu evitar uma lágrima.
Uma única lágrima.
Mas que fora suficiente para que se sentisse ainda mais fraco.

“Que mal tem, afinal? Estou sozinho.”, pensou consigo mesmo, irritado com seu próprio jeito.

Interrompeu a música.
Abaixou o violino e enxugou os olhos com a manga do paletó italiano.

- Chega. – dizendo isso, levantou-se e deixou o violino na cadeira solitária.

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