quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

56. Being a promiscuous boy


Minutos depois, Spike voltava para os sofás. Joe foi ao banheiro antes, e quando voltou se sentiu decepcionado ao notar que Spike havia sentado entre duas amigas, e que assim não conseguiria se aproximar novamente.

- E aí, Spike? – Merlot apareceu na frente dele, animada.

- E aí o que, Merlot? – ele falava com o queixo levantado, e um ar de superioridade que a garota ainda não conhecia.

Ela riu meio sem graça, e ao olhar para as amigas que sentavam ao lado de Spike, trocaram sorrisos.

- Ele beija bem? – uma das meninas perguntou.

- Beija sim. – Spike lhe respondeu com um sorriso.

- Uma pena que você seja gay... – a que estava sentada do outro lado reclamou. – Você é tão lindo, queria ter uma chance também.

- E quem disse que não pode ter? – ele respondeu, surpreendendo a todos.

Spike nem deu muito tempo para a garota pensar. Segurando-a pela nuca, tratou de juntar logo seus lábios.

Merlot e a garota que sentava do outro lado de Spike estavam boquiabertas.
Nada daquilo fazia sentido. Elas sentiam que estavam numa dimensão paralela, ou algo do tipo. Da onde vinha aquela atitude toda de Spike?
A menina que fora beijada parecia estar se empolgando, pois começara a arranhar a coxa de Spike por entre a meia arrastão.
Ele interrompeu o beijo, afastando o rosto do dela, com um sorriso. Olhou para a menina do outro lado, que parecia estar hipnotizada pela cena que acabara de ver. Spike a puxou para perto também, e logo ele estava ficando com as duas garotas ao mesmo tempo.

Merlot se afastou dali, chocada com tudo aquilo.

- Ei, ele não era gay? Como que o travesti tá pegando as meninas do grupo?? – um dos garotos que sentava no sofá em frente ao de Spike exclamou, de olhos arregalados.

- Porra, sacanagem isso aí! Eu tô pra pegar uma dessas duas há séculos, e ele faz isso de uma vez só? – o outro falava também, mas ria ao mesmo tempo.

Spike pareceu ter ouvido os comentários, pois olhou para os dois. Olhou para eles enquanto beijava as meninas. E olhou de um modo que aqueles garotos nunca iam conseguir esquecer.
Estáticos, eles se entreolharam, e riram sem graça.

- Cara, eu acho que... Já vou indo pra casa. – um deles comentou.

- Ok, até mais... – o outro respondeu automaticamente. E continuou a observar o show que Spike estava dando.

*

O caminho até a casa no bosque foi silencioso. Merlot mal conseguia encará-lo.

- Spike, o que houve com você? – ela finalmente perguntou, ao chegarem no quarto.

- Comigo? – ele a olhou friamente. – O que houve com você, quando resolveu me trair?

- Te trair?!

- Você contou pra todo mundo que eu nunca namorei nem beijei! Sim, pra todo mundo... As garotas me contaram que você espalhou tudo sobre mim.

- Ah, fala sério! Isso não tem nada demais, não é motivo pra você de repente virar um... Um... Nem sei que nome dar pra isso! Qual é a versão masculina de puta? Porque você agiu como uma piranha profissional hoje...

- Não tem nada demais?! Eu sempre me abri com você! Eu te pedia pra nunca contar nada, e você me prometia que qualquer coisa que eu te falasse ficava só entre nós! Merlot, você... Você contava tudo. – ele sentiu os olhos começarem a arder. – Você fazia fofoca até sobre as minhas roupas íntimas... Como você acha que eu me senti quando aquelas garotas ficaram me perguntando se era verdade que eu já tinha usado calcinha? – as lágrimas escorreram.

Merlot ficou vermelha.
Sim, ela havia contato muitas coisas, mas... Foi sem perceber.

- E o pior, sempre foi você que me forçou a isso! Você ficava dizendo pra eu usar roupas de menina, você que tentou me fazer usar calcinha uma vez e eu te disse que não gostava! Foi você que assumiu que eu era gay... E você que armou aquele encontro com o Joe pra mim.

- M-mas... Spike, eu posso até ter cometido erros! Mas é motivo pra você ter feito tudo o que fez hoje? O Joe ficou arrasado quando te viu com aquelas garotas, ele voltou pra casa...

- Eu não me importo! – ele gritou, dando um soco na cômoda. Ainda bem que o quarto estava vazio, caso contrário Louis e Marie com certeza teriam acordado. – A culpa de tudo foi sua! Merlot, eu fiz tudo que você quis! Eu fui pra todos os lugares que você queria, agi como você queria que eu agisse, e até me vesti sempre como você queria que eu me vestisse... Tudo pra ver se você começava a gostar de mim de verdade em algum momento. – não era possível saber se suas lágrimas eram de mágoa ou de raiva. Provavelmente, de ambos.

- Gostar de você? – ela se surpreendeu.

- Sim, Merlot! Eu fazia tudo que você queria, porque eu estava apaixonado! Demorei pra perceber isso, mas quando percebi... Descobri também que você só estava brincando comigo, e me usando pra ser mais popular. – ele enxugou o rosto rapidamente com a manga da jaqueta. – Mas agora acabou. Nunca mais vou te obedecer. Vou usar minhas próprias roupas e fazer meus próprios amigos. E sabe o que vou fazer com essa fama de puta que eu consegui por sua causa? Vou aproveitar e fazer o que eu quiser.

- Por minha causa?! Spike, você partiu o coração do Joe, que é um garoto muito legal, porque quis! E ficou com duas garotas ao mesmo tempo porque quis!

- Não, Merlot! Foi porque eu estava com tanta raiva que não pensava direito no que tava fazendo! E fiquei com raiva por sua causa! – passando por Merlot rapidamente, saiu do quarto.

Ia pedir para dormir com Hell e Cain, naquela noite.
Sentia que precisava desabafar e chorar com aqueles que cada vez mais considerava como sendo seus pais. Aqueles que eram de confiança e o amavam de verdade. Diferente de Merlot.

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