O dia 24 de dezembro chegou.
Kratos e Yuudai estavam na casa de Nana desde o dia 21, ajudando a
arrumar a casa e preparar tudo. Todos lá gostavam do Natal (principalmente
Luke!) então sempre decoravam a casa e preparavam uma grande ceia. Mesmo que
não houvessem convidados de fora, aquela grande família já era o suficiente
para se dar uma boa festa.
Yuudai costumava ser totalmente indiferente a esta data, assim como a
qualquer outra comemoração. Mas agora pela primeira vez as coisas começavam a
ter significado.
Louis já havia desabafado com o pai a respeito da situação entre ele e o
tio. Por isso, Yuudai andava pensando constantemente durante esses dias sobre
um modo de ajudá-los, e fazer com que eles voltassem a se falar. Infelizmente,
Kratos não o ajudou muito.
- Qual foi a merda que o Luke fez dessa vez? - perguntou logo que Yuudai
começou a falar do caso. Assistindo televisão no quarto de hóspedes, comia de
forma animalesca um pedaço de coxa de galinha que segurava na mão.
- Dessa vez a merda veio um pouco de cada lado. O Luke foi grosseiro
como sempre, e o Louis acabou se intrometendo demais no que não diz respeito a
ele. - disse pensativo, sentando ao lado de Kratos.
- Ah, já até imagino. Luke é uma merda quando recebe critica, o filho da
puta não aguenta ouvir um comentário negativo. - pegou outra coxa numa bandeja
que estava na cama onde ambos sentavam.
- Kratos! - Yuudai reclamou irritado, quando um pouco do molho da carne
que Kratos comia respingou em sua roupa.
- Sua irmã limpa isso aí num segundo. - lambendo os lábios, retirou a
bandeja vazia de cima da cama.
- Ou então você podia parar de comer carne igual um coiote desesperado.
Pelo menos quando estiver perto de mim.
- Ah, eu esqueço que você tem nojinho. - ele riu, debochado. - Contigo é
só sushi e miojo né?
- Miojo não, lamen... - resmungou enquanto tirava a camisa. - E qual
o problema em preferir culinária tradicional japonesa a esses pedaços de carne
cheios de sangue que você chama de comida?
- Cala a boca, é Natal. - Kratos disse com a voz mansa, abraçando o
outro por trás e o impedindo de vestir a camisa limpa que segurava.
- E o que tem a ver? - continuou mal humorado.
- Não vamos discutir. - o abraçou com mais força.
Yuudai sorriu, se dando por vencido.
*
- Primeiro ele diz que vai passar o Natal comigo. - Merlot estava
sentada nas costas do sofá, balançando impacientemente as pernas cruzadas. - Aí
ele não vem. Então, fala que talvez passe o ano novo...
Na sala, Louis, Nana e Hell estavam arrumando as coisas e remontando a
árvore. Sim, remontando. Porque enquanto Marie corria loucamente pela casa sem
nenhum propósito, prendeu os pés no fio das luzinhas e acabou caindo no chão
junto a árvore.
- Mas quer saber? Não sei se acredito nele. Aposto que vai acabar não
aparecendo de novo! - Merlot disse, distraidamente alisando o cabelo com os
dedos.
- Calma, Marie... Só vai arder um pouquinho. - Cain a tranquilizava.
Sentada no sofá estava Marie, com os olhos cheios d'água e os dois
joelhos ralados. Cain fazia um curativo rápido.
- Já vai passar, Marie! - Louis lhe mostrou um sorriso, e ela forçou um
sorriso por entre as lágrimas como resposta. Junto das duas mulheres, estava
agachado no chão, recolhendo os enfeites espalhados pela sala.
- Se bem que, se o Josh me pedir deculpas, talvez eu até pense no caso
dele... - Merlot não havia parado de falar em nenhum momento.
- Foda-se, Merlot! - Hell jogou uma almofada na cara da garota, que caiu
das costas do sofá e foi parar no chão.
- Piranha! - gritou ao sentir o impacto da queda.
- Pirralha chata! Ninguém quer saber do fracasso que é a sua vida
amorosa!
Merlot levantou rapidamente, jogando a
almofada de volta em Hell, que rapidamente a segurou com as duas mãos.
- Diferente de você, eu tenho bons
reflexos. – sorriu vitoriosa.
- Vamos ver o quanto o seu reflexo é
bom quando eu quebrar uma garrafa na sua cabeça. – Merlot ameaçou, fechando os
punhos.
- A princesa desceu do salto,
finalmente? Tá falando igual bêbado de barzinho, meus parabéns. – ela sorriu de
forma debochada.
- CALEM A BOCA! – Nana se posicionou
entre as duas, que estavam aos poucos andando na direção uma da outra. – As
duas, parem com isso. Ou, se preferirem brigar, que saiam da minha casa... E
não voltem. – sua voz era baixa e extremamente firme. Com os olhos
semicerrados, fitou cada uma, impondo sua autoridade.
Pela primeira vez, o silêncio reinou no
ambiente.
- Muito bem. – Nana falou. – Terminem
de recolher os enfeites e montem a árvore juntas. Vão fazer isso sozinhas,
enquanto eu vou falar com Luke. – ela sorriu docemente.
- Vamos o que?! – Hell perguntou
rapidamente, pega de surpresa.
- Eu não quero ter que fazer nada com
ela! – Merlot reclamou.
O sorriso não sumiu do rosto de Nana,
que ignorou solenemente os protestos.
- E deixem a decoração perfeita. A
árvore sempre foi uma das partes favoritas do Luke, ele vai ficar desapontado se
ver que ela foi arrumada de qualquer jeito.
- Juro que não sei qual dessas mulheres
me dá mais medo... – Cain comentou baixinho com Louis, que estava ao seu lado
observando tudo.
- A minha tia. Eu acho que a Nana é a
mais assustadora, quando quer. – ele respondeu, de olhos arregalados.
Marie disfarçou o riso, cobrindo a boca
com uma mão.
- Louis, vem aqui comigo. – Nana pediu.
“Boa sorte.” Cain desejou ao garoto,
com um ar fúnebre. Louis riu, mas no fundo se sentia um pouco nervoso, após ter
visto toda aquela cena.
Fora da sala, Nana se abaixou para
ficar da mesma altura que o sobrinho.
- Aconteceu alguma coisa? – lhe
perguntou com um ar preocupado.
Louis olhou para baixo, sentindo-se
desconfortável.
- Nada... Porque?
- Você não
está agindo normalmente esses dias. No Natal você sempre fica tão alegre,
andando com o Luke pra lá e pra cá, comprando coisas pra casa e pra ceia. Mas
faz dias que nem vejo vocês conversando.
- Ah...
Isso... – ele respondia devagar, pensando no que falar. – Não aconteceu nada,
não se preocupa. – ele sorri, tentando tranquilizar a tia.
Após alguns
segundos em que ela analisou Louis, sorriu também.
- Então
pode ir lá na frente e ajudar o Luke a tirar as compras do carro do seu pai?
Eles acabaram de voltar do supermercado, compraram tudo que faltava.
- Sim...
Claro. – se viu sem saída.
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