quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

49. Natal - Parte 1


O dia 24 de dezembro chegou.

Kratos e Yuudai estavam na casa de Nana desde o dia 21, ajudando a arrumar a casa e preparar tudo. Todos lá gostavam do Natal (principalmente Luke!) então sempre decoravam a casa e preparavam uma grande ceia. Mesmo que não houvessem convidados de fora, aquela grande família já era o suficiente para se dar uma boa festa.

Yuudai costumava ser totalmente indiferente a esta data, assim como a qualquer outra comemoração. Mas agora pela primeira vez as coisas começavam a ter significado.

Louis já havia desabafado com o pai a respeito da situação entre ele e o tio. Por isso, Yuudai andava pensando constantemente durante esses dias sobre um modo de ajudá-los, e fazer com que eles voltassem a se falar. Infelizmente, Kratos não o ajudou muito.

- Qual foi a merda que o Luke fez dessa vez? - perguntou logo que Yuudai começou a falar do caso. Assistindo televisão no quarto de hóspedes, comia de forma animalesca um pedaço de coxa de galinha que segurava na mão.

- Dessa vez a merda veio um pouco de cada lado. O Luke foi grosseiro como sempre, e o Louis acabou se intrometendo demais no que não diz respeito a ele. - disse pensativo, sentando ao lado de Kratos.

- Ah, já até imagino. Luke é uma merda quando recebe critica, o filho da puta não aguenta ouvir um comentário negativo. - pegou outra coxa numa bandeja que estava na cama onde ambos sentavam.

- Kratos! - Yuudai reclamou irritado, quando um pouco do molho da carne que Kratos comia respingou em sua roupa.

O dragão olhou tranquilamente a mancha na camisa do outro.

- Sua irmã limpa isso aí num segundo. - lambendo os lábios, retirou a bandeja vazia de cima da cama.

- Ou então você podia parar de comer carne igual um coiote desesperado. Pelo menos quando estiver perto de mim.

- Ah, eu esqueço que você tem nojinho. - ele riu, debochado. - Contigo é só sushi e miojo né?

- Miojo não, lamen... - resmungou enquanto tirava a camisa. - E qual o problema em preferir culinária tradicional japonesa a esses pedaços de carne cheios de sangue que você chama de comida?

- Cala a boca, é Natal. - Kratos disse com a voz mansa, abraçando o outro por trás e o impedindo de vestir a camisa limpa que segurava.

- E o que tem a ver? - continuou mal humorado.

- Não vamos discutir. - o abraçou com mais força.

Yuudai sorriu, se dando por vencido.


*

- Primeiro ele diz que vai passar o Natal comigo. - Merlot estava sentada nas costas do sofá, balançando impacientemente as pernas cruzadas. - Aí ele não vem. Então, fala que talvez passe o ano novo...

Na sala, Louis, Nana e Hell estavam arrumando as coisas e remontando a árvore. Sim, remontando. Porque enquanto Marie corria loucamente pela casa sem nenhum propósito, prendeu os pés no fio das luzinhas e acabou caindo no chão junto a árvore.

- Mas quer saber? Não sei se acredito nele. Aposto que vai acabar não aparecendo de novo! - Merlot disse, distraidamente alisando o cabelo com os dedos.

- Calma, Marie... Só vai arder um pouquinho. - Cain a tranquilizava.

Sentada no sofá estava Marie, com os olhos cheios d'água e os dois joelhos ralados. Cain fazia um curativo rápido.

- Já vai passar, Marie! - Louis lhe mostrou um sorriso, e ela forçou um sorriso por entre as lágrimas como resposta. Junto das duas mulheres, estava agachado no chão, recolhendo os enfeites espalhados pela sala.

- Se bem que, se o Josh me pedir deculpas, talvez eu até pense no caso dele... - Merlot não havia parado de falar em nenhum momento.

- Foda-se, Merlot! - Hell jogou uma almofada na cara da garota, que caiu das costas do sofá e foi parar no chão.

- Piranha! - gritou ao sentir o impacto da queda.

- Pirralha chata! Ninguém quer saber do fracasso que é a sua vida amorosa!

Merlot levantou rapidamente, jogando a almofada de volta em Hell, que rapidamente a segurou com as duas mãos.

- Diferente de você, eu tenho bons reflexos. – sorriu vitoriosa.

- Vamos ver o quanto o seu reflexo é bom quando eu quebrar uma garrafa na sua cabeça. – Merlot ameaçou, fechando os punhos.

- A princesa desceu do salto, finalmente? Tá falando igual bêbado de barzinho, meus parabéns. – ela sorriu de forma debochada.

- CALEM A BOCA! – Nana se posicionou entre as duas, que estavam aos poucos andando na direção uma da outra. – As duas, parem com isso. Ou, se preferirem brigar, que saiam da minha casa... E não voltem. – sua voz era baixa e extremamente firme. Com os olhos semicerrados, fitou cada uma, impondo sua autoridade.



Pela primeira vez, o silêncio reinou no ambiente.

- Muito bem. – Nana falou. – Terminem de recolher os enfeites e montem a árvore juntas. Vão fazer isso sozinhas, enquanto eu vou falar com Luke. – ela sorriu docemente.

- Vamos o que?! – Hell perguntou rapidamente, pega de surpresa.

- Eu não quero ter que fazer nada com ela! – Merlot reclamou.

O sorriso não sumiu do rosto de Nana, que ignorou solenemente os protestos.

- E deixem a decoração perfeita. A árvore sempre foi uma das partes favoritas do Luke, ele vai ficar desapontado se ver que ela foi arrumada de qualquer jeito.

- Juro que não sei qual dessas mulheres me dá mais medo... – Cain comentou baixinho com Louis, que estava ao seu lado observando tudo.

- A minha tia. Eu acho que a Nana é a mais assustadora, quando quer. – ele respondeu, de olhos arregalados.

Marie disfarçou o riso, cobrindo a boca com uma mão.

- Louis, vem aqui comigo. – Nana pediu.

“Boa sorte.” Cain desejou ao garoto, com um ar fúnebre. Louis riu, mas no fundo se sentia um pouco nervoso, após ter visto toda aquela cena.

Fora da sala, Nana se abaixou para ficar da mesma altura que o sobrinho.

- Aconteceu alguma coisa? – lhe perguntou com um ar preocupado.

Louis olhou para baixo, sentindo-se desconfortável.

- Nada... Porque?

- Você não está agindo normalmente esses dias. No Natal você sempre fica tão alegre, andando com o Luke pra lá e pra cá, comprando coisas pra casa e pra ceia. Mas faz dias que nem vejo vocês conversando.

- Ah... Isso... – ele respondia devagar, pensando no que falar. – Não aconteceu nada, não se preocupa. – ele sorri, tentando tranquilizar a tia.

Após alguns segundos em que ela analisou Louis, sorriu também.

- Então pode ir lá na frente e ajudar o Luke a tirar as compras do carro do seu pai? Eles acabaram de voltar do supermercado, compraram tudo que faltava.

- Sim... Claro. – se viu sem saída.

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